Celino Cunha Vieira - Associação Portuguesa José Marti / Cubainformación.- Mais uma vez a comunicação social, tão atenta ao que se passa em Cuba quando se trata de algum acontecimento que possa servir para denegrir a imagem do país, passou ao lado da IX Reunião do Conselho Mundial do Projecto José Marti de Solidariedade Internacional, que se realizou pela primeira vez na Europa, mais concretamente em Vila Real de Santo António, Portugal.


Como preconizava Marti e sob o tema “Com todos e para o bem de todos”, do programa coordenado pelo Professor Héctor Hernández Pardo, faziam parte conferências e jornadas académicas onde participaram ilustres personalidades oriundas da Argentina, Colômbia, Cuba, Espanha, França, Itália, México, Porto Rico, Portugal e República Dominicana, que no decorrer dos trabalhos prestaram uma justa homenagem a um dos membros deste Projecto recentemente falecido, Gabriel Garcia Marquez. 

Como se pode constatar, a importância desta reunião deveria ter sido noticiada nos meios de comunicação nacionais, até porque não é todos os dias que se recebe em Portugal individualidades como Federico Mayor Zaragoza, ex-director-geral da UNESCO e os pensadores e escritores Frei Betto, Pedro Pablo Rodríguez ou François Houtart, para além de muitos outros intelectuais de renome internacional que, dissertando sobre os problemas que hoje mais afectam as sociedades, revêem no pensamento de José Marti muitas das soluções em relação aos paradigmas da decência moral, da justiça, da dignidade e do bem-estar de qualquer ser humano, independentemente da sua raça ou condição social. 

Numa mensagem gravada a Ministra do Desenvolvimento Social da Argentina, Alicia Kirchner, elogiou este Projecto e confirmou que a próxima reunião será no seu país, esperando que todos possam estar presentes. 

Eu, que tive a honra de assistir e conviver durante dois dias com estas admiráveis figuras, senti a importância que este Projecto tem e o muito que ainda pode vir a ter no futuro, pois se em cada um de nós houver a humildade de conhecer o legado que José Marti nos deixou e colocar em prática os seus ensinamentos, poderemos certamente contribuir para um mundo melhor. 

Enquanto Frei Betto exemplificava a influência que o pensamento de Marti teve nos princípios orientadores da Revolução Cubana, retive uma sua observação vivida por ele em Havana, que perguntando a uma senhora idosa o que lhe trouxe a Revolução, ela lhe disse: “quase nada, pois até me quiseram alfabetizar, mas que foi muito importante para os meus filhos, porque uma é médica e o outro é engenheiro e que possivelmente se não fosse a Revolução, ela seria prostituta e ele traficante de droga”. 

Quando hoje assistimos à falta de valores que se verifica por esse mundo fora, principalmente nas novas gerações mais viradas para o consumismo que as novas tecnologias aliciam, é urgente debater e difundir o pensamento de Marti, que continua actual e a dar resposta a muitas das nossas inquietações. Em Portugal, através da Associação Portuguesa José Marti estão a ser criados com este objectivo os Clubes Martianos, que de forma simples e informal pretendem agrupar pessoas interessadas em conhecer, debater e difundir a obra de Marti.

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