Celino Cunha Vieira - Associação Portuguesa José Marti / Cubainformación.- Invariavelmente quem percorre o Centro Histórico de Havana encontra na Praça de S. Francisco, junto ao Convento, uma escultura de bronze em tamanho real da autoria do escultor José Villa Soberón que representa “El Caballero de Paris” despertando a atenção de quem passa por ser uma figura enigmática e desconhecida da grande maioria dos visitantes.


Por vezes cria-se uma enorme fila para se conseguir posar junto a ele, adoptando-se posições pouco comuns, já que segundo reza a lenda, para dar sorte, deve segurar-se uma das suas mãos, apertar a sua ponteaguda barba e pisar-lhe um dos pés. Nunca ninguém comprovou que uma foto tirada assim com o “Caballero de Paris” trouxesse mais sorte, mas não custa nada acreditar que ele, sepultado mesmo ali ao lado, pode contibuir para isso.

Mas quem era esta personagem? Nascido na Galiza em 1899, José Maria López Lledín chegou a Havana em 1913 com a idade de 13 anos para se juntar a um tio que antes havia emigrado para Cuba. Teve vários ofícios e a partir da década de 50 começa a vaguear pela capital sendo descrito como explorador das ruas onde atraia quem passava para escutar as suas reflexões sobre a existência humana, a religião, a política e os acontecimentos do cotidiano.

Não sendo considerado um vagabundo, exibia um cabelo comprido e desgrenhado, uma farta barba e unhas retorcidas por as não cortar, trajando sempre de preto e dormindo onde calhava, nunca se separando de uma pasta com papéis e de um saco com os seus pertences. Nada pedia pelas suas histórias mas aceitava as ofertas que lhe faziam, retribuindo com um cartão feito à mão por ele como reconhecimento escrito da bondade de quem o ajudava.

Diz-se que por um desgosto de amor nunca casou e que a designação de “Caballero de Paris” provém de uma novela francesa com um personagem parecido, por deambular pelo Paseo del Prado que tem uma calçada semelhante à do Louvre ou por ter trabalhado no restaurante Paris. Existem muitas versões e toda a sua vida está repleta de peripécias, algumas até contraditórias, pois as narrações orais levam muitas vezes ao exagero e à efabulação.

Esta figura mitificada de orador e escritor de rua converteu-se na palavra andante e no contador da história que passa de boca em boca, representando uma parte da cultura urbana que vale a pena evocar e preservar, como símbolo de uma época em que a comunicação era bem diferente daquela que é hoje.

José Maria López morreu em 1985 com a idade de 86 anos e foi sepultado no Convento de S. Francisco de Assis, como homenagem à lenda viva de que muitos ainda se lembram e que faz parte da história da cidade que em cada recanto tem muito por contar.

El Caballero de Paris espera-os em Havana para que possam retratar-se com ele. Se não der sorte, pelo menos ficam com uma boa recordação.

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